
Alguém poderia imaginar que uma maçã, antes colorida e agora
prateada, se tornaria mais famosa que a fruta que representa a cidade de
Nova York ou a maçã, que é símbolo dos discos dos Beatles? Com certeza
não. Em matéria de maçã como um símbolo, a da marca APPLE talvez seja
apenas comparável a de Adão e Eva. Mas o fato é que, quando se fala em
símbolo e quando esse símbolo é uma maçã, com uma pequena mordidinha é
bem verdade, o que hoje nos vem imediatamente à cabeça são produtos
revolucionários e inovadores como o tocador de música digital iPod, o
telefone celular iPhone, o tablet iPad ou os computadores iMac. A marca
que traduz aos usuários toda a imagem da criatividade, inovação, design e
originalidade, se tornou uma das mais cultuadas do mundo comanda por um
gênio que se especializou em refinar idéias e conceitos já existentes e
apresentá-los sob uma roupagem nova, capaz de gerar o desejo nos
consumidores.
A históriaTudo
começou quando os jovens engenheiros Steve Wozniak e Steve Jobs, que
tinham sido colegas de turma no colegial, vislumbraram a possibilidade
de desenvolver e comercializar computadores pessoais. Ambos eram ávidos
apaixonados por inovação e interessados em eletrônica. Após a graduação,
continuaram amigos e em contato direto, trabalhando em empresas
localizadas no Vale do Silício. Jobs trabalhava na Atari e Wozniack na
tradicional Hewllet-Packard. Jobs com sua grande visão futurista
insistia que ambos, mais Ron Wayne, deveriam tentar vender computadores
pessoais. A idéia era desenvolver um microcomputador que pudesse ser
menor e bem mais acessível que os modelos desenvolvidos pela lendária
PARC. Essa idéia e união resultaram no nascimento da
APPLE COMPUTER COMPANY no dia 1° de abril de 1976.

O
capital inicial da nova empresa, com sede na garagem da casa dos pais
de Steve Jobs, era originário da venda de uma Kombi e de uma calculadora
HP. A palavra Apple foi escolhida por três razões: o nome iniciava-se
com “A”, portanto apareceria listado na frente da maioria dos
competidores; ninguém esperaria uma associação de sentidos de uma maçã
com computadores, sendo uma aposta no inusitado; e uma maçã está ligada a
uma vida saudável (
“an apple a day keeps the doctor away”).
Além
do mais, muito acreditam que a maçã desenhada com faixas era uma alusão
à marca listrada da poderosa IBM e o pedaço mordido uma clara
referência ao pecado bíblico.

Steve
Jobs, não queria somente vencer a concorrência no ramo dos computadores
pessoais, mas sim, mudar uma sociedade, criar uma nova perspectiva de
vida para uma nova geração que estava por vir. A recém-fundada empresa
resolveu então colocar no mercado o computador batizado de Apple I,
criado e desenvolvido por Wozniack. Porém, os hobistas não levaram o
Apple I, vendido por US$ 666.66, a sério e os computadores só decolaram
em 1977, quando o Apple II foi apresentado em uma feira de informática.
Primeiro computador a ter o CPU feito de plástico e com designers
gráficos coloridos, era uma máquina impressionante e fez muito sucesso.
Em meados de 1978, o lançamento do Apple Disk II, o floppy drive mais
barato da época, fizeram com que as vendas da empresa disparassem. Com o
aumento das vendas, veio também um aumento significativo da empresa e
pôr volta de 1980, quando o Apple III foi lançado no mercado, a APPLE
começou a vender seus computadores também para o exterior. No afã de dar
continuidade à revolução que iniciou, Jobs cometeu o que talvez tenha
sido seu primeiro erro: mandou seus projetistas eliminarem a ventoinha
do Apple III, o que resultou na necessidade de substituir milhares de
unidades danificadas por superaquecimento.

Três
anos mais tarde, seria lançada uma versão revisada do Apple III, mas a
imagem da máquina já tinha sido irremediavelmente arranhada pela falha
de projeto do modelo anterior. Em 1981 as coisas começaram a se
complicar. Primeiro, o mercado ficou saturado dificultando as vendas.
Depois, Wozniack sofreu um acidente aéreo ficando ausente da empresa e
Steve Jobs assumiu o controle. E para complicar o fracasso do computador
Lisa, batizado assim em homenagem a filha de jobs. Era o início de uma
grande crise, que culminaria com a saída de Steve Jobs da empresa após
feroz desentendimento com John Sculley, CEO da APPLE na época.

Nem
o estrondoso lançamento do Macintosh em 1984 foi capaz de conter a
crise. De uma hora para outra os computadores da APPLE perderam o brilho
e traziam uma interface desatualizada para os padrões da época, com
características que desagradavam os consumidores. Em meados da década de
90, quase a beira da falência, a APPLE começaria a protagonizar uma das
maiores reviravoltas no mundo dos negócios, justamente após a volta de
Steve Jobs a empresa em 1996. Com o gênio de volta a marca da maçã
iniciou uma sequência incrível de lançamentos de produtos e programas,
dentre os quais o iMac (computador cujo gabinete é integrado ao
monitor), e mais recentemente o iPod (permitiu que as pessoas
transportassem todo o seu acervo de canções no bolso), iPhone (redefiniu
a categoria de smartphones ao se mostrar fácil de usar e reunir uma
série de funcionalidades de computação e entretenimento em um só
aparelho) e o iPad (que consolidou o mercado de tablets e inaugurou a
“era pós-PC”), que se tornaram estrondosos sucessos de vendas e
revolucionaram o mundo dos computadores e da comunicação, acabando com
as inúmeras crises por qual a empresa passou, transformando-a na mais
inovadora, e uma das mais poderosas e influentes, do mundo. Afinal, Jobs
soube como nenhum outro, utilizar a tecnologia como um instrumento para
influenciar a cultura e satisfazer, muitos diriam até mesmo criar,
desejos e necessidades em consumidores de todo o planeta. E essas
maquininhas fantásticas criadas pela APPLE, além de contribuíram para a
formação de um estilo de vida conectado, afeito à mobilidade e no qual a
informação trafega fácil e rapidamente, colocaram o mundo na ponta dos
dedos de milhões de consumidores, que transformaram uma maçã mordida em
ícone de adoração, arregimentando uma legião de devotos, aquilo que os
profissionais de marketing chamam de evangelizadores da marca.

A
crise vivida em boa parte dos anos 90 não impediu que APPLE fosse
pioneira ao lançar produtos revolucionários como a impressora laser
PostScript; o Desktop Publishing; a Universal Serial Bus, popularmente
conhecida como entrada USB que substituiu diversas outras, se tornando
um padrão mundial, e atualmente usada em Pen Drives e MP3 Players; os
primeiros laptops com mouse de série e teclados externos (série
PowerBook 100, introduzidos em 1991); o abandono do leitor de disquetes
(iMac original, introduzido em 1998); o primeiro computador disponível
comercialmente a se basear principalmente no USB para a conexão de
periféricos (iMac original, introduzido em 1998); e o primeiro laptop
com monitor de tela larga (PowerBook G4, introduzido em 2000).

Em
junho de 2005, Steve Jobs surpreendeu o mundo da informática ao
anunciar que a APPLE estava trocando os processadores PowerPC de seus
computadores por processadores da marca Intel. Os primeiros modelos de
Macintosh equipados com chips da Intel apareceram à venda no começo do
ano seguinte: o MacBook Pro e o iMac, ambos equipados com o processador
Intel Core Duo. A frase da campanha para o lançamento dos novos modelos,
bastante provocativa, era: “O que um chip Intel faria dentro de um Mac?
Muito mais do que já fez em qualquer PC”. Com o lançamento de dois
novos produtos, o Apple TV e o iPhone, durante a MacWorld 2007, a APPLE
anunciou a mudança do seu nome de Apple Computers Inc. para Apple Inc.
Esta mudança ocorreu principalmente pelo novo posicionamento
mercadológico que a empresa passou a adotar. A empresa, com estes dois
novos produtos, e juntamente com o iPod e seus computadores, passou a
atuar não somente no mercado de informática mas também no mercado de
eletrônicos. Hoje em dia, MacBooks poderosos, iMacs que carregam toda a
potência de um computador dentro do próprio monitor e iPhones cada vez
mais versáteis, provam a total capacidade de inovação da empresa. Além
disso, a APPLE mostra ao público tecnologias que visam a portabilidade,
como o incrível MacBook Air, o iPod nano 3G e o iPad, produtos que
provam o poder da empresa no mundo da tecnologia.

Com
a morte de Steve Jobs no início do mês de outubro de 2011, a torcida
dos fiéis devotos da maçã prateada é de que os homens escolhidos a dedo
por ele para seguir com o seu legado, como Tim Cook (para o cargo de
CEO), Jonathan Ive (vice-presidente de design e comandante de uma área
vital para que os aparelhinhos da inovadora marca façam o sucesso
estrondoso) e Phil Schiller (vice-presidente de marketing), tenham
aprendido com o mestre não só a hora de ser pragmático, mas, sobretudo,
como ser detalhista e visionário. O desafio agora é mostrar que a APPLE
pode manter acesa a chama da inovação, a capacidade de revolucionar o
mercado e influenciar a sociedade.
